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07/07/2020 18:27  •  Atualizada em 07/07/2020 18:32

Biografia: Luizinho, o herói de um título inesquecível para o Vila Nova

O goleiro brilhou intensamente na escura e polêmica noite da final do Goianão de 1973

Revista Vila Nova

O torcedor colorado mais antigo não esquece a noite do dia 23 e início do dia 24 de agosto de 1973. A lendária decisão do Campeonato Goiano que terminou já de madrugada é episódio marcante e muitos torcedores garantem que são testemunhas oculares. A capacidade do Estádio Olímpico certamente não daria conta de tantas pessoas, mas vale o folclore, assim como na história do Maracanaço. Quem pode dizer com todas as letras que esteve lá naquela noite é o mineiro Luiz Alberto Bachur Serrano, ou simplesmente Luizinho. O goleiro que foi o herói da noite do título de campeão do Vila Nova sobre o rival Goiás.

Natural de Belo Horizonte, Luizinho começou a carreira no Atlético-MG, onde conheceu Tomazinho. Radicado no futebol goiano, Tomazinho foi o responsável por trazer Luizinho para o futebol goiano em 1971, quando treinava o Vila Nova. Antes, o goleiro cabeludo tinha jogado no Galo, no futebol norte-americano e no Flamengo de Varginha (MG). 

Quando vestiu a camisa colorada, Luizinho não demorou para ganhar espaço e respeito junto à torcida colorada. O ex-goleiro se recorda de quando chegou ao Tigre e conta uma história curiosa. "Lembro que tinha um campo onde hoje fica o estádio (OBA). Eu pedia para o pessoal da Saneago descartar a água no campo, em vez de jogar na rua, porque o gramado era ralo e o campo era duro", recordou.

Em 1973, Luizinho foi personagem central na grande decisão do Campeonato Goiano de 1973. O ex-jogador se lembra que o time colorado era muito forte e chegou confiante para os jogos contra o arquirrival Goiás. "Nós tínhamos um time muito bom treinado pelo Gérson dos Santos. Tínhamos perdido apenas um jogo naquele campeonato, para o Itumbiara", lembrou o ex-goleiro.

No primeiro jogo da final, o Tigre venceu por 2 a 1 e jogaria a segunda partida pelo empate. No tempo normal, o Vila Nova perdeu por 2 a 0, mas Luizinho defendeu uma cobrança de pênalti cobrada por Tuíra. O ex-goleiro se lembra que a marcação da penalidade pelo árbitro Benedito Gonçalves, o "Cheirinho", gerou revolta dos colorados e as expulsões de Carlos Alberto e Fernandinho.

"Virou uma confusão. Um diretor do Vila Nova entrou em campo armado e queria matar o juiz. Eu agarrei ele para impedir e até fomos parar no chão, mas falei para ele que eu ia pegar o pênalti e cumpri", relembra Luizinho.

A partida foi para a prorrogação e o Vila Nova, com dois jogadores a menos, suportou a pressão do Goiás como pôde para levar a decisão para os pênaltis. "A prorrogação foi um caos. Eu fazia uma cera danada. Estava com muita sorte, pois o Goiás pressionava, mandava a bola na trave e ela voltava para mim. Nosso time estava exausto, tanto que o Tassinho vomitou várias vezes no gramado de tão cansado."

A energia do Estádio Olímpico foi derrubada e os jogadores ficaram por longos minutos em campo esperando a iluminação ser estabelecida. "Sei que alguém jogou um cabo de aço e acabou a iluminação. A torcida do Vila Nova foi embora, mas eu fui lá chamar a torcida de volta, disse que seríamos campeões. E ela voltou", disse Luizinho.

Saiba mais:

Conheça a história do Campeonato Goiano de 1973

Veja o perfil do ex-goleiro Luizinho

A energia voltou, o Tigre se segurou e a decisão foi para os pênaltis. Após converter suas três cobranças, o Vila Nova precisava de Luizinho mais do que nunca. O goleiro precisava defender apenas uma cobrança de Helinho Ventania, ponta do Goiás. O esmeraldino cobrou a primeira e Luizinho defendeu. O árbitro viu irregularidade e mandou voltar a cobrança. Helinho chutou novamente e Luizinho mais uma vez defendeu. 

A bola vindo em sua direção foi a última coisa que Luizinho viu naquele momento. "A torcida do Vila invadiu o campo e depois eu não vi mais nada. Me deixaram só de sunga em campo. Depois foi uma festa, fomos de madrugada para uma churrascaria no Setor Sul", lembrou o herói colorado daquela noite.

Luizinho deixou o Vila Nova para jogar no Remo no início de 1975 e sequer viu a inauguração do Serra Dourada, estádio que ele acompanhou a obra. Entre 1976 e 1977, o goleiro atuou pelo ABC, de Natal, onde fraturou o rosto e ficou 90 dias afastado do futebol. No mesmo ano, o ídolo colorado foi contratado pelo Goiás.

"Fui tão bem tratado no Goiás que não senti diferença, mas é claro que no Vila Nova o sentimento era bem diferente. Mas não tenho do que reclamar dos goianos, sempre fui muito respeitado por todas as torcidas", frisou Luizinho, que depois da passagem pelo clube esmeraldino decidiu pendurar as luvas e as chuteiras.

 

 

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